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Óculos inadequados colocam visão em risco, alerta oftalmologista

A estudante Monik Cristina Cardoso, de 18 anos, parou em uma das muitas bancas de óculos de camelôs instaladas no centro de Uberlândia, olhou, experimentou, pechinchou, pagou, botou no rosto e foi embora, satisfeita com a compra e o valor pago pela peça escolhida. Atitudes como a desta consumidora são comuns, mas em casos como o dela o barato pode custar literalmente “os olhos da cara”. O alerta é do médico oftalmologista Marcelo Santos Campos. Segundo ele, a pessoa que faz uso de óculos de sol sem garantia de qualidade está sujeita a contrair doenças, como câncer no olho e nas pálpebras, além de catarata, entre outras patologias. Pode, inclusive, perder a visão.

Assim como na maioria das cidades brasileiras, o comércio de óculos sem garantia de qualidade e procedência é comum em Uberlândia. As ruas, praças e camelódromos são locais preferidos pelos vendedores informais que oferecem uma diversidade de peças, vendidas a preços muito mais atraentes do que no mercado formal. E isso vale tanto para óculos de sol como de grau. São vários os tamanhos, modelos e “marcas” para produtos que deveriam proteger os olhos ou melhorar a visão, mas que, em muitas vezes, são fabricados sem conformidade com as normas técnicas.

No caso dos óculos de sol, somente a cor escura das lentes não é o suficiente para filtrar os raios ultravioletas. De acordo com Marcelo Campos, são diversos os problemas que podem ocorrer ou se agravar devido à exposição solar dos olhos sem proteção adequada, tais como degeneração da retina (que causa a perda da visão com o tempo), pterígio (carnosidade que surge no canto do olho), degeneração macular (destruição dos tecidos da mácula) e a popular catarata. “O uso de óculos escuros provoca dilatação nas pupilas, ou seja, elas aumentam de tamanho. Então, se as lentes não possuírem filtros adequados contra raios ultravioletas A e B, a retina é diretamente atingida e a visão fica exposta a doenças degenerativas”, afirmou.

Quanto aos óculos de grau, o oftalmologista alerta que o uso sem exame de vista e prescrição médica também pode ser danoso. “Nesse caso, o produto inadequado pode provocar dores de cabeça, dificuldades na leitura, embaçamento visual, tontura, visão dupla, ardência e lacrimejamento”, disse Marcelo Campos.

Preço pesa mais que qualidade na hora da compra de produtos pirateados

Um par de óculos não é um simples acessório. A reportagem do CORREIO de Uberlândia foi investigar o comércio e a qualidade de óculos vendidos no mercado informal da cidade. Em um dos pontos visitados, a avenida João Pessoa, em frente ao Terminal Central, encontrou a estudante Monik Cristina Cardoso, de 18 anos, com a mãe, a enfermeira Liliane Cardoso, de 38, circulando entre as várias bancas espalhadas pelo local, à procura de óculos de sol.

A jovem não teve dificuldade para encontrar o que queria, difícil foi escolher. Ela estava à procura de um óculos bonito e barato. Trocou ideia com a mãe, pechinchou e pagou R$ 20 pela peça. Abordada pela reportagem, ela disse que o preço pesou na escolha. “Ganho pouco no emprego, mas quero andar na moda, portanto, procurava um produto bonito, mas que não pesasse no meu bolso”, disse. Tanto a estudante quanto a mãe disseram não ter observado a qualidade e nem se o produto oferece proteção contra os raios ultravioletas.

O local onde a estudante Monik Cardoso comprou o óculos é um dos muitos pontos de concentração de ambulantes e bancas que comercializam vários tipos de produtos provenientes, principalmente, do Paraguai e da região da rua 25 de Março, em São Paulo. Muitos desses produtos, entre os quais, óculos de sol, ou são pirateados ou não apresentam certificado de procedência e, por consequência, de garantia.

A reportagem abordou o ambulante (que não quis ser identificado) que vendeu os óculos à estudante. Segundo ele, a concorrência é grande. “Aqui mesmo, ao longo dessa calçada, tem no mínimo uns dez ambulantes vendendo óculos”, disse.
O ambulante informou que costuma vender de dez a 15 peças por dia, com valores que oscilam entre R$ 10 e
R$ 25, dependendo do “choro” do cliente.

Preço baixo deve gerar desconfiança

O empresário Osvaldo Pereira, que é presidente da Associação das Empresas do Setor Ótico de Uberlândia (Assessou), pede atenção do consumidor para a compra de um produto barato demais ou que seja oferecido até mesmo em comércios tidos como idôneos, por preço muito baixo ou em promoções como “compre um e escolha outro de brinde”. “Só pra se ter ideia, os impostos sobre um [par de] óculos giram em torno dos 65%, incluindo, IPI e ST (substituição tributária)”, disse.

Segundo ele, é bom ficar atento também a comércios que estão vendendo óculos de grau, prática que está ficando cada vez mais comum. “Temos notícias de supermercados, camelôs e até farmácias vendendo óculos sem receita médica, apenas confiantes na informação do cliente de que tem um grau x no olho direito e y, no esquerdo”, afirmou, chamando a atenção para o risco da compra de óculos de grau sem submissão a uma consulta médica.

Além disso, para baixar o preço, as lentes corretivas falsificadas não são de policarbonato, portanto ineficazes na filtragem dos raios UVA e UVB. Por causa disso, a Associação Brasileira de Produtos e Equipamentos Ópticos (Abiótica) recomenda que o comprador exija o certificado de filtro anti-UV tanto em lentes esportivas como nas corretivas.

Em abril deste ano, a Receita Federal apreendeu cerca de um milhão de óculos de sol e de grau, durante operação realizada em um shopping popular na Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, local de onde saem boa parte dos óculos comercializados no mercado informal de todo o Brasil

Teste comprova ineficácia de óculos falsificados na proteção dos olhos

A reportagem do CORREIO de Uberlândia adquiriu três óculos escuros, aleatoriamente, em diferente bancas instaladas na avenida João Pessoa, e levou as peças para serem testadas no laboratório da Laborótica, empresa que atende a maioria das óticas uberlandenses. Os três óculos, vendidos sob garantia de proteção contra raios UV, foram submetidos a um lensômetro digital (aparelho que verifica as lentes, medindo grau, eixo e também o índice de proteção UV). As três peças deram resultado inferior a 10% de proteção, em média, quando o ideal é resultado UV 100%.

O diretor do laboratório, Osvaldo Luiz Pereira, que acompanhou o teste, disse que raramente o consumidor toma a iniciativa de checar a qualidade do óculos que compra, quando o mesmo não é adquirido em uma ótica regular perante a lei, ou seja, que fornece nota fiscal e certificado de garantia do produto comercializado. Dos óculos testados, dois estampavam marcas famosas, Prada e Ray-Ban, e outro não tinha marca, e custaram em média R$ 15 cada. “Um óculos Prada legítimo custa em média R$ 800, já um Ray-Ban não sai por menos de
R$ 400”, afirmou.

Óculos sem garantia

Principais efeitos do uso

Óculos de grau piratas
Podem provocar dores de cabeça, dificuldades na leitura, embaçamento visual, tontura, visão dupla, ardência e lacrimejamento.

Óculos de sol piratas
Lentes que só escurecem e não possuem filtros são muito prejudiciais, pois as pupilas se dilatam e a quantidade de raios que penetram nos olhos é muito maior, podendo provocar inflamação e descamação da córnea e doenças como a catarata.

O que não pode faltar nos óculos de sol
Filtros contra raios ultravioletas – UVA e UVB;
Certificado de que bloqueia a gama de radiação nociva;
Lentes com formato adequado para o sistema ótico de olho – para enxergar sem aberrações.

Por: Jornal Correio de Uberlândia

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